Sr e Sra CEO - a traição na maturidade
- katyakitajima
- 19 de jul.
- 2 min de leitura

Naquele dia, ela chegou esbaforida à sessão, sentou-se com todo o peso do mundo na poltrona e foi direta ao ponto: “descobri que fui traída, não entendo, depois de quase 30 anos de casamento?!”
A traição na fase madura da vida costuma carregar um peso diferente. Não fere só o coração, abala décadas de história compartilhada, memórias, o silêncio confortável que o tempo construiu, expectativas construídas sobre um cuidar do outro no envelhecer.
Para muitos casais maduros, o vínculo já não é mais só romântico: é uma parceria construída com base em filhos criados, perdas enfrentadas juntos, sonhos que se transformaram ou foram adiados. Por isso, quando a infidelidade acontece nesse momento da vida, a dor pode ser ainda mais profunda, porque trai toda a jornada trilhada. Torna-se um corte no tecido do “nós” que parecia já ter passado pelas maiores provas.
Porém, a traição, por mais devastadora que seja, não acontece no vazio. Muitas vezes, ela é o sintoma de algo que há tempos não é olhado: silêncios acumulados, intimidades perdidas, falta de entusiasmo e curiosidade sobre o outro, pouca criatividade, desejos adormecidos, conversas adiadas e acomodações ao longo dos anos.
A presença de terceiros chega como uma tentativa desajeitadamente destrutiva de reencontrar a própria vitalidade, um desejo de encontrar-se a si mesmo. Nem toda traição nasce do fim do amor. A maturidade nos oferece a preciosidade de olhar as situações com calma, clareza e a liberdade de fazer escolhas conscientes.
Perdoar ou não, não é esquecer, é libertar o coração para amar de novo, com ou sem o outro. Não como uma negação da dor, mas como um caminho de ressignificação, seja para reconstruir a relação com novos contornos, seja para encerrá-la com dignidade e respeito pela própria história vivida. Transformar a dor da traição pode ser um ponto de virada para o amor-próprio, para o diálogo sincero ou para um novo capítulo mais autêntico e respeitoso com quem te acompanhou até aqui. #terapiadecasal





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